Nao é tao fácil falar espanhol como se pensa. O espanhol daqui é mais difícil de compreender do que o do Uruguai, mais "enrolado" - seja lá o que signifique isso. O velho portunhol ,em muitos casos, nao é o suficiente, sendo preciso que vários gestos auxiliem no diálogo que tenta se estabelecer. Os argentinos,parece que percebendo que estou falando errado o idioma deles, sempre repetem aquilo que quero dizer com a pronúncia certa, afirmando que eu quero dizer tal coisa mas que do jeito que eles estao me falando é que é o correto. No início,achei que fosse até arrogancia da parte deles, mas depois vi que nao,é apenas o jeito deles de estabelecer uma conversa.
No Hostel
O hostel é, como uma propaganda diria, o lar dos viajantes.O dono,um castelhano baixinho e bem humorado, está sempre pronto a servir, a esclarecer dúvidas. A sua equipe: um gurizao que sempre atende a campainha ( há uma escada para subir para os quartos,a cozinha,os banheiros) num sobe e desce constante e cansativo; um cabeludo músico hippie tardio ,e uma loira muito bonita,que parece ser namorada do cabeludo, toda rockstar, roupa apertada,all-star de botinha, camiseta branca de banda.
Estava sentado tomando mate no amplo salao do lugar quando presenciei a seguinte situacao: um casal frances discutia entre si ( em frances) quando a mulher pergunta para o baixinho dono do hostel,em ingles, onde se encontrava uma coisa (que nao escutei o que era); o baixinho nao sabia; entao, ele perguntou, em espanhol, a uma brasileira o que significava aquela coisa; a brasileira nao sabia; perguntou, em portugues, para o seu namorado o que significava aquela coisa que o baixinho perguntou; finalmente,o brasileiro soube a resposta, falou em portugues para a namorada,que falou em espanhol para o baixinho,que falou em ingles para a francesa,que falou em frances para o seu marido.
Essa situacao ilustra bem a "Babel" que é isso aqui. Dos que estao se hospedando agora, tem : brasileiro, peruano, australiano, frances, holandes,noruegues e israelense. Para esse povo todo se entender,além de gestos,o ingles facilita. No meu quarto,com 5 beliches, há dois brasileiros de Curitiba, metaleiros e parceiros de trago e saídas, o israelense que fala 3 idiomas e já foi piloto de tanque do exército,e um peruano mais calado.
Uma constatacao que tive por aqui é que nao sei falar espanhol nem ingles,só enrolo nos dois. Com o israelense,a comunicacao é num "spanglish" bem precário, mas os dois curitibanos falam muito bem em ingles e traduzem algumas coisas para ele do que eu falo. O israelense é muito gente boa, levou nós para um pub com o sugestivo nome de "the Killkenny",onde tomamos umas cervejas e conhecemos o comportamento das chicas argentinas .Notamos que elas até gostam de estrangeiros,mas se fazem bastante - o que, aliás, é bem normal - e também tem uma coisa: a linguagem dos relacionamentos, da paquera, por mais especificidades que cada lugar tenha, no fundo é toda igual,pois os olhares , quando se se cruzam uma vez, duas, e voltam a se cruzar meio que parecendo sem querer, nao precisam de traducao.
Chove quase todo dia aqui, o que nao impede muita coisa, mas atrapalha um pouco.
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2 comentários:
Leonardo aproveitas bem a viagem e lembras das livrarias, dos sebos. Claro que há muito mais que livrarias e sebos em Buenos Aires.
Ah! tive que encomendar a Trip de dezembro. Quando cheguei não tinha mais.
Aqui está o maior calor, mas começou a chover.
Abraço grande
ola primo..
que bom que vc tá se divertindo aí entao...
aproveite bem sua viagem viu e não esqueça de dpois vir visitar a gente aqui em curitiba!!!
Bjocas
elen
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