terça-feira, janeiro 24, 2006

Saberás, quando não?

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Viajar, quando nada mais resta;
Viajar, quando não se sabe, nada?;
Viajar, quando restar, o quê?
Viajar e encontrar.




Longe da acomodação tranquila de casa, não há quem resista a uma consulta com si mesmo. A tentação é forte, e boa; lugar melhor, independente de onde, não há. Não precisa marcar, nem sofrer estar se entregando a alguém que nao tem uma intimidade suficiente para gerar a confiança necessária. Não precisa de subterfúgios, desculpas que adiem, enrolem ou dificultem a consulta; ela acontece quando se faz necessária, sem um aviso - chamativo - prévio, simplesmente há uma sensação de que se está consultando - embora, às vezes, não se perceba muito bem algum resultado, ou mesmo o efeito imediato, logo depois do acontecido. Precisa-se de uma preparação, que nem sempre está pronta quando o imediato a chama. Algum tempo de assimilação tornam tudo tão imediato que quase nem dá-se conta de que não é mais algo tão imediato assim.

Assimilação lenta, efeitos prorrogados e definitivos; uma chavezinha , num desses lugares, foi encontrada, mas é chegando em casa que ela vai ser testada em diversas portas para saber qual ela irá abrir, se é que abrirá alguma.

Caso positivo, há ainda diversas opções: encruzilhada simples, complexa, estrada limpa, deserta, pavimentada com tracinhos prontos a serem seguidos, estrada limpa com uma outra obscura meio que escondida atrás de uma vegetação tão expessa quanto é possível a nós ver, outra tão deserta que as bifurcações aparecem em forma de miragem, sonho, mas que na hora não são distinguíveis, e por isso levam a lugar nenhum ou algum lugar, nao se sabe.

Se abrir alguma, melhor que sejam desse último tipo citado, deserta, com bifurcações que mais parecem sonhos - ou pesadelos - mas que são tão incríveis, diferentes, que parecem miragem ou ilusão de um caminho para um oásis que existe, verdadeiro como o caminho que leva até lá não é (ou pode ser). Chegando lá, observando quem está ao redor, é que se saberá se

a) É o paraíso;
b) É o paraíso, pós-morte;
c) A chavezinha abriu a porta correta;
d) Todas as outras são verdadeiras, embora não se acredite em nenhuma.


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