Alguns trechos de uma entrevista do escritor argentino Jorge Luis Borges, que traz muita coisa interessante a respeito do seu processo de criação.
"Penso que é melhor que o escritor interfira o mínimo possível em sua obra. Isto pode parecer estranho, mas não é. Em todo caso, trata-se, curiosamente, da doutrina clássica. Nós a vemos na primeira linha, eu não sei grego, da Ilíada, de Homero, que todos lemos na censurável versão de Hermosilla: “Canta, Musa, a cólera de Aquiles”. Isto é, Homero, ou os gregos a que chamamos de Homero, sabia que o poeta não é o cantor, que o poeta, ou prosador, dá no mesmo, é simplesmente o amanuense de algo que ignora e que em sua mitologia particular chama de a Musa. Por outro lado, os hebreus preferiram falar de Espírito, e nossa psicologia contemporânea, que não sofre de excessiva beleza, de subconsciência, inconsciente coletivo, ou algo assim. Mas, enfim, o importante é o fato de que o escritor é um amanuense, ele recebe algo e procura expressá-lo".
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