quarta-feira, dezembro 21, 2005

Embriagado

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Estranhamente, acordou embriagado. Abriu os olhos, resquícios de luz solar entravam por algumas frestas da cortina que ia e vinha com o vento fresco - esse mesmo vento que chegou até ele passando pelo lençol desalinhado sobre o corpo e provocou um arrepio, os pêlos do braço se eriçaram como se preparassem para um perigo iminente. Os pelos, o vento, o lençol, a cama, mas principalmente a cama que repousava pesada e sufocante nas costas, denunciavam o estado de embriaguez. Quando se deu conta, já estava de pé indo à cozinha tomar vários copos d'água, pois a boca árida clamava por líquido muito mais que a cama clamou pelo corpo embriagado e do que o vento pelos pêlos eriçados e do que os resquícios de luz solar por uma fresta na cortina.

Três copos d'água foram o suficiente, por momento. Voltou ao quarto com a cabeça clamando pela cama e por uma posição fixa, que ocasionasse um olhar fixo para a parede branca do teto ou a visão escura do travesseiro muito próximo dos olhos, quase que forçando a eles se fecharem.

Olhos no travesseiro, flashes do que teria ocorrido para ele estar embriagado lhe vieram, lentos e confusos, como se também eles estivessem embriagados, perplexos de sua existência ou não, de sua simples existência ou de uma mera ficção baseada em fatos ao que tudo indicavam serem reais.

O primeiro dos flashes era uma tentativa de lembrar de qual momento , precisamente, ele não lembrava mais com detalhes do que tinha feito.
O segundo foi perdido pelo sono, que clamou por sua atenção e levou, sem pestanejar muito.


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