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Paul Mc Cartney é uma figura interessante. A grande maioria dos fãs mais fervorosos dos Beatles escolhe ele como o beatle mais odiado, já que era o mais "comercial" da banda, aquele que melhor sabia aparecer para a mídia e para os fãs. O que ocorria é que, muitas vezes, para estes fãs Paul exagerava; sempre o bom moço, o brincalhão, o diplomata, o que nunca parecia sair da linha. E é sabido que para o rock'roll, sair da linha é necessário.
Só que, apesar de toda essa postura correta e até chata por vezes, estava o principal músico da banda, a mente criadora. Se John Lennon era o espírito, Ringo era o ritmo e George o talentoso solitário, Paul era aquele que criava, o marco zero do processo de composição - que logo depois ganhava os contornos de cada um. Talvez fosse ele a figura mais importante da banda, sem a qual não haveria o estalo inicial extraordinário que fez os Beatles serem os Beatles, ainda hoje a banda a ser batida no mundo da música.
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Tudo isso para dizer que o novo CD do Macca, Chaos and creation in the Backyard, é de uma beleza estarrecedora e , de certa maneira, surpreendente. Algo como um líquido milagroso que não parecia mais possível ser extraído,de tanto que foi usado, da velha fonte McCartney.
Passados quase 40(!) anos do fim dos Beatles, a grande voz continua lá, límpida e potente. A maturidade, vilã de muitos da idade de Paul, melhorou ainda mais o excelente músico que ele sempre foi (toca todos os instrumentos no álbum), e trouxe de bônus uma habilidade preciosa de escrever ainda mais letras simples e profundas, que em um utópico Manual para Fazer a Música Perfeita (escrito por ele, claro) deveria ser a primeira e indispensável lição.
O mais incrível de tudo é que Paul, no auge dos seus 64 anos, assim como no tempo dos Beatles, ainda seja aquele cara que mais consegue chegar próximo da dita "música perfeita" produzida.
Um dos poucos neste mundo que falar "Esse cara é foda" nunca vai ser suficiente.
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