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O Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, um dos mais confiáveis do país, diz que ética é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”. Ética jornalística, portanto, seria algo como “o estudo dos juízos de apreciação que se refere à conduta do jornalista”, se for possível algum tipo de definição. Geralmente, para diferenciar ética de moral, se utiliza algumas sentenças do tipo “ética é universal, moral é cultural”, ou “ética é teoria, moral é prática”.
Por ser cultural, a moral é pessoal, varia, enquanto a ética não, é intransponível. Etimologicamente falando, ética vem do grego "ethos", e moral vem do latim "morale", que tem o mesmo significado: Conduta, ou relativo aos costumes. Como os radicais trazem um conceito simplista, bastante relativo, melhor mesmo é diferenciar ética e moral do que igualá-los. Acontece que, como toda profissão que tenha um código de ética, e acredito que todas tenham, a ética da profissão exige uma adequação da moral de cada um que é impossível de se obter. Uma pessoa que se embriague de sua moral não vai respeitar a ética, pois se considera acima. E assim cometerá erros crassos, não aprenderá com eles e continuará repetindo ad infinitum até que, ingrato mundo, ela obtenha vitória seguindo sua moral e não a ética, tão solene e generalista. Pra que ética então, se ela é frágil a ponto de deixar o ser humano a desrespeitá-la?
A ética pode ser frágil, mas não é conivente, não aceita desaforos; apesar de que não pune desvios da maneira que devia por que isso faz parte de sua natureza plural. E o fato dela ser frágil não significa que ela não tenha de existir, por que, se não há ética, há o caos, a falta de juízos de apreciação e de qualificação entre o bem e o mal torna tudo suscetível e regido pela moral, senhora perversa e individualista que acabaria por espalhar o caos em todas as partes. Mas, não sendo apocalíptico, a ética profissional, como uma subdivisão da ética Ética, é apenas um conjunto de regras a serem seguidas fortemente influenciadas pela moral. E a moral de cada um, por mais desobediente e segura de si que seja, funciona, em relação à ética, como aquela velha história da utopia: não é porque não consigo adequar minha moral a ética que deixarei de tentar, assim como não é por ser uma utopia que deixarei de tentar fazer com que se torne verdade, assim como, entrando mais no jornalismo, não é porque a objetividade seja inatingível que não tentarei atingi-la.
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