quarta-feira, abril 26, 2006

Vivência

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"Sempre se diz que por trás de todo romance há uma seqüência de vida ou realidade do autor, por mais pálida ou tênue e intermitente que seja, ou ainda que esteja transfigurada. Diz-se isso como se se desconfiasse da imaginação e da inventiva, também como se o leitor ou os críticos necessitassem de um gancho para não serem vítimas de uma estranha vertigem, a vertigem do absolutamente inventado ou sem experiência nem fundamento, e não quisessem sentir o horror ao que parece existir enquanto lemos - às vezes respira, sussurra e até persuade - mas que nunca foi, ou o extremo ridículo de levar a sério o que é apenas uma fantasia, luta-se contra a consciência dissimulada de que ler romances é coisa pueril, ou pelo menos imprópria à vida adulta que sempre vai aumentando."

Javier Marías, Negro Dorso do Tempo.

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