segunda-feira, setembro 19, 2005

Sonho não se faz assim

Pequeno conto, inspirado em muitas coisas.

Sonho não se faz assim

Antes de acordar, vou pensar que não, aquilo que você quis me dizer não era mais do que um sonho teu, e quem sabe meu também, porque aquilo não era pra ser dito, extravasado para fora de ti sem se prever as consequências, não pode haver um sorriso doce tão carregado de mentiras - não são mentiras? então são sonhos, devaneios de alguém perturbado por alguma coisa tão grande que não teve como guardar para si.
Alguma coisa entre o que querias dizer e o que disse é o que deveria ter dito, se é tão grande a agonia solitária, e , sim, é difícil, eu sei que é difícil ficar assim, mas nem por isso, nem por toda essa dor que diz sentir mas que eu digo que sei mas não sei se realmente conheço, nem por ela, nem por nada é justificável as palavras que você usou, sem medir consequências que parecem existir desde sempre, e você sabia delas, ah sabia, e então, fez tudo sabendo, pelo gosto de dizer e de ver o tanto de sofrimento que certas palavras podem trazer, muito pior do que qualquer coisa, e você sabia disso, agora ficou claro, você sabia, e usou tudo com tamanho cuidado que se esqueceu, ou não quis, lembrar do que havia acontecido, da história que existia, dos sentimentos que parecem fantasmas presos a uma casa que não mais serve de moradia à eles. Tanto foi tão pouco, ao menos agora parece ter sido, tardiamente percebido.
Antes de acordar, o dia já se fará, e o acordar não vai mais ser necessário, se é assim que você quer.

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