terça-feira, setembro 20, 2005

Los Hermanos

"Fez-se mar
Sem ar no meu penar
Demora não, demora não

Vai ver, o acaso entregou
Alguém pra lhe dizer
O que qualquer dirá
Parece que o amor chegou aí
Eu não estava lá, mas eu vi "


Overdose de Los Hermanos, do último CD. A cada nova escutada descubro alguns achados nas letras, uns jogos de palavras interessantes, uma história bem contada.
As letras desse álbum, ao meu ver, são a mais pura poesia, daquelas que a gente lê uma coisa e relê outra, sempre despertando novas interpretações, acionando a nossa inteligência. São todas bastante subjetivas, podendo até na primeira escutada parecer sem sentido ou sem nexo.
Mas é engraçado, não consigo enjoar. Cada dia tem uma melhor música do CD. As letras são completamente diferente de tudo que é feito na música brasileira atual, muito superiores no lirismo. Da dó de escutar uma música brasileira bastante tocada em rádio (CPM 22, por exemplo) e , inevitavelmente, comparar às do Los Hermanos. É outro nível, um outro patamar de subjetividade, de poesia.

Olha essa, simples e bela declaração de amor.

Paquetá

Ah, seu eu aguento ouvir
outro não, quem sabe um talvez
ou um sim
eu mereço enfim

é que eu já sei de cor
qual o quê dos quais
e poréns, dos afins, pense bem
ou não pense assim

eu zanguei numa cisma eu sei
tanta birra é pirraça e só
que essa teima era eu não vi
e hesitei, fiz o pior

do amor amuleto que eu fiz
deixei por aí
descuidei dele quase larguei
quis deixar cair

(tst tst)

Mas não deixei
peguei no ar
e hoje eu sei
sem você sou pá furada

Ai! Não me deixe aqui
o sereno dói
eu sei, me perdi
mas eu só me acho em ti

Que desfeita, intriga, o ó
Um capricho essa rixa e mal
Do imbrólio que qui-pro-có
e disso bem fez-se esse nó

e desse engodo eu vi luzir
de longe o teu farol
minha ilha perdida aí
o meu pôr do sol


É um deleite para se escutar, pensar, refletir, ler, despertar a inteligência acomodada com tantas coisas que nos são jogadas prontas, sem qualquer espaço para se pensar.

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