sexta-feira, outubro 26, 2007

Dicas informais para aspirantes a blogueiros

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Rosana Herrmann, jornalista com passagens pelas principais emissoras de televisão do Brasil, atualmente redatora do Pânico na TV e uma das primeiras blogueiras do Brasil, ganhadora do prêmio melhor Blog Jornalístico 2006 do Portal Imprensa, postou em seu blog, o Querido Leitor, uma lista de dicas informais para um blog ser bem-sucedido.

São coisas simples, mas acho interessante postar aqui algumas impressões sobre o assunto de gente que não está ligado a Academia, assim como fiz no post sobre o Ricardo Noblat.

Olhem aí abaixo as dicas:

Um blog pode ser individual ou coletivo. Pode ser autônomo ou pode estar ligado a um grupo. Pode ser de humor, de política, de moda, tanto faz. Para o leitor o blog é só um endereço na barra do browser,o conteúdo que ele expõe e seus leitores, ou seja, a cabeça (o dono, a marca ), tronco (conteudo, layout) e membros (participantes e frequentadores).

A cabeça tem que ser clara. Você tem que saber o nome do blog, o endereço de cor, tem que acessá-lo sem problemas. Deve estar hospedado em algum lugar que não caia, não saia do ar, tenha divulgação. E a sua cabeça tem que ser clara. Você tem que ter uma linha, um estilo, um jeito seu. Sua cabeça é também a cabeça do blog.

O tronco tem que ser consumível. Layout minimamente palatável, posts visíveis e compreensíveis, textos interessantes, conteúdo exclusivo. A freqüencia de publicação, a velocidade, são características do tronco.

E os membros, os seres humanos que fazem e frequentam o blog.

Esses componentes geram os valores de um blog, subjetivos e objetivos.
Os subjetivos são: autoridade, credibilidade e prestigio.
Os objetivos são os números. Posição no ranking, número de visitantes e outras medidas.

Há blogs que vivem de sua autoridade e por isso tem um valor. Autoridade é quando o blog/blogueiro é especializado e entende do tema. Tem gente que entende muito de uma determinada área e vira referência. Tem gente que não entende muito mas finge que entende e com ajuda da mídia também vira autoridade perante os que sabem menos (embora sejam desprezados pelos que sabem mais). Se você entende muito de alguma coisa, mecânica, política, culinária, macramé, faça um blog sobre o assunto, estude, aprofunde-se e vire uma autoridade. Nem que seja para ser como os blogueiros-celebridades, que só entendem de si mesmo. Tudo bem, porque tem mercado pra consumir. É um tema.

A credibilidade pode vir junto ou não com a autoridade. A credibilidade vem mais da pessoa, do blogueiro. De sua conduta, carreira, coerência. Ninguém é unânime, mas ter credibilidade dá valor a um blog. Seja verdadeiro, sincero, correto e seu blog terá valor.


O prestígio depende de relacionamento. Tem gente que já nasce com sobrenome de prestígio, relações familiares de prestígio, riquezas prestigiadas. Há blogueiros que não são autoridades em um assunto, não tem tanta credibilidade assim, não estão bem posicionados no ranking mas tem muito prestígio junto a pessoas que mandam na mídia. Ganham dinheiro, divulgação, prêmios. Mas não é pra quem quer e sim pra quem pode. Prestígio pode ser herdado ou conquistado. Pode vir dos colégios onde você estudou, das famílias que frequentou, dos empregos. Mas sempre vem com relacionamentos. Blogueiro isolado tem muito mais dificuldade pra conquistar prestígio.


Os valores objetivos são quase sempre numéricos. Posição no ranking technorati, número de visitas, poder de exposição na mídia, além dos subjetivos. Em geral, os blogs mais visitados são os que fazem humor, não tem comentários abertos, usam pseudônimos, gongam pessoas com nicks, etc. Ou são blogs de tecnologia, que oferecem serviços gratuitos, dão dicas para construção de blogs, oferecem templates e resolvem os problemas.


Basicamente os leitores querem 3 coisas: orientação, informação, diversão.
Quem oferece um, dois ou três dos quesitos, com autoridade e credibilidade acaba tendo blogs de valor, inclusive, valor de mercado.

Se você está pensando em investir no seu blog, pondere tudo isso. Não é preciso concordar. Discuta, pense, reflita, construa outras teses. Mas sempre há um caminho para tudo. Tem publico para tudo. Seu blog pode não virar o maior sucesso do mundo mas vai encontrar seu espaço.

Uma recomendação faz-se necessária: não encha o saco dos outros avisando o tempo todo que seu blog existe, que você colocou outro post, etc. É chato. É 'pushy'. Um shopping center é um shopping center, não é um selling center. A pessoa é que vai comprar, não é o vendedor que fica vendendo. Você faz compras como quem navega. Você procura, vê, entra, sai, até escolher e comprar. Vendedor na porta puxando a pessoa pra dentro é de quinta. Ficar mandando avisos sobre seu blog também.

De resto, é só o óbvio mesmo. Mantenha o blog limpo, conheça seus leitores, seus concorrentes, seus seguidores, seus ídolos. Olhe para cima, para baixo, para os lados. O espaço é virtual mas é volumétrico, tem de tudo em todo lugar, em volta de você.

Observe o mundo e descreva-o. Fale de si e dos outros. Viaje do micro ao macro. Voe, liberte-se, confesse-se quando quiser. Caia e levante publicamente, mas tomando o cuidado de não arrastar ninguém com suas quedas.

Mesmo que eu não tenha prestigio, nem autoridade para determinar como você deve ou não fazer blog, tenho uma parcela de credibilidade, porque faço o mesmo blog há anos, cuido dele e me relaciono com você. E, confesso, que diante de outros blogs de nomes sacados, já fiquei quase envergonhada do jeito mamãezinha do título do meu 'querido leitor'. Mas eu gosto. Porque é verdadeiro. Não tem blog sem leitor. O leitor é que faz o blog ser o que é. Portanto, o leitor é essencial. E o querido, bem, se a gente não gosta de quem gosta e prestigia a gente, vai gostar de quem?


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domingo, outubro 21, 2007

Geradores de textos falsos

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Em minha dieta matinal de leitura de blogs de jornalismo digital - todos via Google Reader - achei um post bastante interessante sobre algo que não tem relação com o jornalismo digital: os geradores de textos virtuais.

São inúmeros os existentes na web, de geradores de novelas de Manoel Carlos à livros de Jorge Amado - aqui, uma cena da novela manoelcarliana que "escrevi", "Helena, a lobotomizada".

Dêem um a olhada no post do blog/site do professor Alex Primo, do programa de pós-graduação em Comunicação e Informação da UFRGS, o post interessante sobre algo que não tem relação com o jornalismo digital que citei no início.

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quinta-feira, outubro 18, 2007

Noblat em Floripa

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Ricardo Noblat esteve por Florianópolis hoje à noite, num evento organizado pela Assembléia Legislativa de Santa Catarina. Mais de 400 pessoas presentes no auditório, em sua grande maioria estudantes de jornalismo.
Discurso "do mercado", como se diz por aí, mais do mesmo, bastante simplista e, por algumas vezes, incoerente.

Mas a palestra teve bons momentos.
Um deles, quando Noblat apontou as "Características do jornalismo em blogs".

_ Linguagem renovada (ele disse "sem regras ")

_ Jornal, rádio, Tv;

_ Do ponto de vista do cidadão comum;

_ Simplicidade;

_ Velocidade;

_ Fato, análise e opinião ("o público não é burro, sabe distinguir cada um dos aspectos nos posts)

_ Trabalho solidário ("No Brasil ainda não temos redes de blogueiros bem desenvolvidas como na Europa e nos Estados Unidos");

_ Interatividade;

_ Espaço democrático

_ Prestação de serviço;

_ Capacidade de mobilização;

_ Jornalismo de Griff ("griff no sentido de ser pessoal, de ter um nome por trás do trabalho");

É sempre bom ter uma visão sobre o assunto por quem está somente no mercado, independente do simplismo - e reducionismo - extremado da visão.
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segunda-feira, outubro 08, 2007

Desculpa, Graci

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Antes de qualquer coisa, venho publicamente pedir desculpa a nobre atriz Graciane Pires, integrante do Grupo Vagabundos do Infinito, liderado pelo professor Paulo Márcio e ligado à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Em minha inocência, achei que conseguiria escrever uma resenha decente sobre o monólogo que ela dirigiu, produziu e atuou, o "Temos todas a mesma história", dos dramaturgos italianos Dario Fo - Prêmio Nobel de Literatura em 1997 - e Franca Rime, parceira de Fo.

Não consegui.

Não porque a peça não tenha qualidades, muito pelo contrário: tem diversas, a começar pelo texto, que, contando uma história pra lá de simples, consegue tratar com uma profundidade sutil - que é bem percebida por quem gosta de se apegar aos detalhes - temas caros a toda sociedade, como a submissão feminina nas relações sociais, o casamento e a maternidade. A continuar pela disposição do cenário, que tem uma espécie de biombo com papel manteiga - que permite fazer sombras na parte de trás - no meio do palco, importantíssimo para a primeira imagem que é vista da peça; e pela duração do monólogo, não mais do que 40 minutos, período perfeito para se contar a história de Temos todas a mesma história, caso raro de uso não excessivo do tempo no teatro.

Foi com uma tristeza imensa que percebi que não conseguiria escrever uma crítica decente da peça porque, simplesmente, não sei julgar se o movimento do corpo de uma atriz está limpo, correto; não sei notar se o quadril está realmente encaixado - embora tenha percebido que a Graci caminhava/corria sempre altiva, como se tivesse um fiozinho em cima dela a puxando para cima, como uma marionete; não sei julgar se ela fez bom uso dos recursos cênicos, ainda que, para mim, o cenário tinha o necessário para a história ser bem contada. Bom, por falar em história, chegamos ao ponto chave do motivo que não consegui fazer uma resenha de fundamento sobre o monólogo.

Eu simplesmente não sei julgar se a atriz está bem no palco, se ela errou muito, se acertou mais ainda. Porque, para mim, se ela contou a sua história de forma com que eu conseguisse entrar dentro e, ao chegar lá, captasse por minha conta cada sacada que ela deixava implícita nos detalhes, cada senha que ela me mandava como um convite para a reflexão sobre a nossa vida, cada piada que ela fazia exarcebando uma situação ou, simplesmente, escondendo a realidade de uma condição que, se não é degradante, é esquisita de se acontecer em pleno século XXI; se ela me fez entrar para o mundo que foi criado no palco, e de lá eu retirasse os significados e sentidos que eu desejasse, com a supervisão e a direção de em que ponto eu poderia refletir mais ou em que ponto eu deveria rir do absurdo da situação; se ela me levou com a mão para um passeio sobre a nossa condição humana, parando nos pontos críticos e dando o histórico do porquê de tal situação ser assim através de uma piada, que me fez rir daquela forma que é a mais gostosa e que eu só encontro paralelo no desenho dos Simpsons, onde o engraçado se dá menos pelo inusitado e mais pela luz inusitada focada em uma situação banal; se ela me fez refletir gargalhando internamente na escuridão de uma platéia eminentemente de gente do teatro, concentrada mais em procurar defeitos nos koshis e na organicidade dos movimentos do que em adentrar em uma história que, diante de seus olhos, está sendo muito bem contada e pedindo para ser pensada junto; se ela fez tudo isso e alguém, no hall do teatro ao fim da peça, vem me dizer que os "movimentos dela foram muito duros, tensos demais", eu só posso dizer que não tenho como fazer uma resenha do teu monólogo, Graci, porque eu não entendo absolutamente nada de teatro e de como uma história pode ser bem contada, independente se é um conto, um romance, um filme, uma música, ou uma peça teatral.

É constatando essa fraqueza que finalizo dizendo que não tenho como fazer uma resenha de Temos todas a mesma história. Tenho, sim, como recomendá-la para quem quiser ver uma história sendo bem contada no palco, produzida na Santa Maria da Boca do Monte por uma natural de São Luiz Gonzaga, no norte do RS.

Isso eu posso fazer, embora agora me venha que acabo de fazer a recomendação com algum atraso, já que a peça foi encenada cerca de 3 meses atrás.

Sou muito enrolado mesmo. Desculpa, Graci.


Sinopse:

A peça "Temos todas a mesma história" discute de forma cômica a submissão feminina nas relações sociais e sentimentais, abordando assuntos como aborto, casamento e maternidade. No monólogo, a personagem encontra-se em situações limites que vão conduzindo-a aos mais engraçados acontecimentos, contando e vivendo sua experiências. As situações por ela vividas são retiradas da vida real, e talvez muitos de nós também já tenhamos nos deparado com alguma delas em nosso cotidiano.


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