segunda-feira, abril 16, 2007

Paraná

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Engraçado como aqui em Curitiba os jornais, a televisão e mesmo as propagandas promovem quase que desesperadamente um "orgulho" paranaense, por vezes até procurando relações improváveis que possam ajudar na criação de uma cultura local. Isso acontece, creio eu, porque aqui no Paraná não exista nenhuma cultura que minimamente possa ser chamada de autêntica; tudo parece ser importado de outros locais, até mesmo as pessoas. Ao menos em Curitiba, impressiona o ufanismo dos seus habitantes; tudo aqui é maior, melhor, mais organizado, como se glorificar a cidade fosse a única forma de dizer que eles existem, que aqui também é um lugar onde se produz uma cultura "autêntica", original.
No fundo, isso tudo é uma forma de disfarçar o coitadismo que eles inevitavelmente sofrem por importar tantas coisas e criar tão poucas...

O principal jornal daqui, a Gazeta do Povo, serve como exemplo. Numa notícia sobre a UFPR (Universidade Federal do Paraná), que informava sobre novos cursos que serão abertos nela, o título da matéria era o seguinte:

"3º maior do país, UFPR vai abrir mais cursos noturnos"

Um exagero o trecho até a vírgula , não?
Como se o fato de a UFPR ser a terceira maior do país fosse mais importante que a informação em si, que é a abertura de novos cursos noturnos.

O caso acima não é isolado; em praticamente todo os jornais daqui, assim como nos telejornais , há um exagero em exaltar as qualidades do estado, numa, pra mim, nítida necessidade de auto-afirmação, de mostrar que aqui não só se produz cópias do que de melhor foi feito em outros lugares mas que, também, há coisas originais.

Esse coitadismo disfarçado de ufanismo exagerado é ainda mais perceptível nas pessoas que moram em Curitiba. Todos parecem ter características copiadas de pessoas de outros lugares, como se o paranaense legítimo fosse uma soma de paulistas, catarinenses, gaúchos, cariocas, etc. Acabam, em sua maioria, sendo pessoas insossas, "normais" ao extremo. Em algumas andadas por aqui, não vi nenhuma loucura, ou mesmo aqueles malucos clássicos, bêbados, enfim, pessoas fazendo coisas que não se imagina, que te surpreendem. Claro, aqui existem lugares e pessoas interessantes, mas tudo parece ser normalzinho demais, perfeitinho demais, sem aquele tipo de erro que tornam as coisas mais interessantes.

Talvez seja pouco tempo para uma avaliação mais profunda, ou, então, essa minha primeira impressão (que não é bem primeira, porque já vim para o Paraná outras vezes e sempre tive essa sensação) pode ser derrubada em breve.
Mas não acredito muito nisso não...


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3 comentários:

Augusto Paim disse...

Tchê, a cultura paranaense tem mesmo uma questão difícil pra lidar, que é a busca pela identidade. Nada mais natural isso que tu observa aí, né? Lembrando que até o Brasil teve um momento em que precisou buscar qual era a sua cara (com estereótipos e tudo o mais).

Uma guria paranaense do Rumos fez uma vez uma reportagem sobre a cultura paranense. Dizia, lembro, que o fandango era uma dança que poderia ser caracterizada como parte da cultura local.

No mais, vou recomeçar a ler On the road hoje. Fica tranqüilo que tá bem cuidado. E vou direto pra Santa Maria, então qdo terminar te devolvo.

Abraço.

Anônimo disse...

'coitadismo' é ótimo! seu leonardo falando.. que coisa boa lembrar daquele jeito!

beijos!

Anônimo disse...

dae, che. Fazia tempo que não passava por aqui. O texto tá conduzindo a gente a pensar junto... tá bem persuasivo. Gostei. To tentando montar um blog. Sobre política. Assim que realizar, te convido pra ler.
Abraço.