De vinil
Domingo de manhã. Não chove lá fora mas ameaça. Céu cinza claro, que tão bem combina com a preguiça do domingo. Abre-se a cortina do quarto; aos poucos a claridade também vai revelando a poeira deixada no chão avermelhado da noite anterior, regada à luzes confusas de abajur, amarelas como não há outro amarelo.
Amarelo. Cinza. Vermelho.
Silêncio na rua, iluminada em preto e branco pelo sol cinza de perto do meio dia. Alguns movimentos na rua tentam ser coloridos, mas se entregam quando vêem a fumaça, de um cinza mais escuro, saindo de algumas já acesas churrasqueiras.
Amarelo. Cinza. Vermelho.
Silêncio na rua, iluminada em preto e branco pelo sol cinza de perto do meio dia. Alguns movimentos na rua tentam ser coloridos, mas se entregam quando vêem a fumaça, de um cinza mais escuro, saindo de algumas já acesas churrasqueiras.
Caminha-se tranquilamente até o banheiro, necessidades matinais. Caretas no espelho, à procura de espinha e das lembranças da noite anterior. Cozinha ainda escura, acende-se a luz p&b e o café é preparado.
O destino agora é o quartinho mais escuro ainda. O depósito, dos objetos inúteis da casa e das coisas que pararam no tempo, está dessarumado, almofadas ocupam o único sofá. Dá para sentar igual, assim como esticar as pernas e colocá-las na cadeira em frente da escrivaninha. Gole no café quente traz de volta a lembrança do dia anterior, quando o mesmo café era companheiro da idéia de deixar a manhã de domingo para se escutar música, somente. O aparelho ao lado do sofá acende a luzinha amarela, primeira imagem colorida do dia. Volta-se a atenção para ele. Caixa ligada começa a emitir um som gorduroso, a começar pelo baixo grandão e a terminar pela voz nitidamente gravada ao vivo, há uns 36, 37 anos atrás, mais precisamente.
O olhar para a parede cheia de medalhas, uma mão segurando a xícara de café, o ouvido quase grudado na caixa de som, o domingo se torna o mesmo de umas décadas atrás, quando, ainda como um projeto de nascimento na cabeça de uma jovem mulher, ele reinvindava um domingo como esses, musical e p&b, saído diretamente de um disco de vinil.
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O destino agora é o quartinho mais escuro ainda. O depósito, dos objetos inúteis da casa e das coisas que pararam no tempo, está dessarumado, almofadas ocupam o único sofá. Dá para sentar igual, assim como esticar as pernas e colocá-las na cadeira em frente da escrivaninha. Gole no café quente traz de volta a lembrança do dia anterior, quando o mesmo café era companheiro da idéia de deixar a manhã de domingo para se escutar música, somente. O aparelho ao lado do sofá acende a luzinha amarela, primeira imagem colorida do dia. Volta-se a atenção para ele. Caixa ligada começa a emitir um som gorduroso, a começar pelo baixo grandão e a terminar pela voz nitidamente gravada ao vivo, há uns 36, 37 anos atrás, mais precisamente.
O olhar para a parede cheia de medalhas, uma mão segurando a xícara de café, o ouvido quase grudado na caixa de som, o domingo se torna o mesmo de umas décadas atrás, quando, ainda como um projeto de nascimento na cabeça de uma jovem mulher, ele reinvindava um domingo como esses, musical e p&b, saído diretamente de um disco de vinil.
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