domingo, julho 02, 2006

Abstração

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Conhecer a si mesmo profundamente permite certas extravagãncias de pensamento, do tipo que se rodeia, rodeia, e se chega a um lugar que, por ainda não ter sido explorado, vibra como nunca quando se sente descoberto.

O caminho para esses lugares é um mistério, daqueles que só se revela quando uma leve pontinha finalmente aparece no fim da estrada - então, não é mais possível voltar, e o mistério deixa de ser um.

Uma das formas de forçar o aparecimento das pontinhas, ou chaves, é guardar a lembrança de como foi possível chegar lá em uma outra vez. Não é difícil, mas requer paciência, não admitindo preguiça nem ansiedade.

Uma música, por exemplo. Primeiramente, ela acalma. Sente-se isso. Desacelerando, outras coisas são vistas, e em cada uma delas um caminho é apresentado. Escolhe-se um, e indo adiante, sem interrupções, chega-se ao lugar ainda não descoberto.

Lá, a permanência não é muito longa. Não se consegue, principalmente por que requer concentração e abstração das coisas urgentes. Mas, quando fica-se mais tempo que o normal, outros caminhos aparecem, também pedindo para serem descobertos.

Se permanece a busca, outros estímulos são apresentados para facilitar a continuidade na estrada. Nesse estágio, a abstração já é quase absoluta - e é assim mesmo que se faz necessário.

Acontece que alguém bate na porta, interrompendo. Não interessa quem seja, a função é a mesma: policiar o pensamento. Extravagâncias não são bem-vindas em qualquer lugar.

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